Instituto Moreira Salles exibe mostra de cinema Revisões 2018

A programação, que será apresentada em dezembro nas sedes do Rio de Janeiro e de São Paulo, inclui filmes como Halloween: a noite do terror, de John Carpenter, Shaft, de Gordon Parks, Infiltrado na Klan, de Spike Lee, e As boas maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra.

Em dezembro, o Instituto Moreira Salles apresenta a mostra Revisões 2018, composta por oito filmes, entre lançamentos e obras consagradas. Os títulos selecionados dialogam, de maneiras distintas, com um impulso de reapropriação presente no cinema ao longo deste ano. A programação, que inclui produções brasileiras e internacionais, será exibida no IMS Paulista, de 7 a 30 de dezembro, e no IMS Rio, de 8 a 30 de dezembro.

O curador Kleber Mendonça Filho e a equipe da programação de cinema do IMS comentam o panorama proposto pela mostra: “Nos parece que o gesto-chave do cinema neste ano foi olhar para trás – seja na estreia de filmes que tratam do nosso passado, que se apropriam de referências visuais longínquas em novas fábulas ou, ainda, que recriam nossas memórias afetivas. É nesse sentido que reforçamos a proposta de partir de alguns lançamentos comerciais mais ou menos recentes para programar outros filmes, outros tempos.”

Inédito no Brasil, O processo (2018), do ucraniano Sergei Loznitsa reconstitui, a partir de material de arquivo, um dos primeiros julgamentos dos chamados Processos de Moscou, que condenaram os opositores de Joseph Stálin. O documentário teve sua estreia mundial em setembro, no Festival de Veneza. No IMS, o filme dialoga com O processo (2018), de Maria Augusta Ramos, que acompanha os bastidores do impeachment de Dilma Rousseff. “A referência a Franz Kafka, feita pelos dois, é concordância sobre como os processos de lei podem ser articulados como narrativas roteirizadas pelas exigências do poder”, afirmam.

Entre os títulos nacionais, está também As boas maneiras (2017), de Juliana Rojas e Marco Dutra. O filme dialoga com o gênero do terror, evocando as lendas do imaginário popular para tratar dos conflitos sociais. No IMS Paulista, o longa-metragem será exibido nesta sexta-feira (7/12), às 19h30, em uma sessão comentada pelos dois diretores, Rojas e Dutra, e o diretor de arte Fernando Zuccolotto. Tal qual uma faixa comentada de DVD, o filme será projetado em volume baixo enquanto, ao microfone, os convidados debaterão a obra. A mediação será de Kleber Mendonça.

O gênero também aparece em Halloween: a noite do terror (1978). Dirigido por John Carpenter, este é o primeiro filme da franquia que, neste ano, lançou seu 11o título. Diante das inúmeras versões, o IMS retoma o título original, chamando atenção para “esse movimento constante do cinema, com suas adaptações literárias, suas refilmagens de peças de teatro ou inúmeras versões de um mesmo filme separadas por gerações”, como pontua a equipe.

Outro destaque é Infiltrado na Klan (2018), novo filme do diretor Spike Lee, que retoma o contexto político dos anos 1970 para discutir a atual conjuntura dos EUA. O longa-metragem narra a história de um policial negro infiltrado na Klu Klux Klan. Ao longo do filme, o diretor faz referência a títulos do gênero blaxploitation, como Shaft (1971), de Gordon Parks, que também será exibido na mostra.

A seleção também reflete sobre o processo de restauro como uma forma de revisão, incluindo Central do Brasil (1998), de Walter Salles, e Pixote: a lei do mais fraco (1981), de Hector Babenco. Os dois títulos, que foram restaurados neste ano e exibidos no festival italiano Il Cinema Ritrovato, trazem à tona contradições que ainda marcam o país. “Se Central, que completa 20 anos desde seu lançamento, buscava algum Brasil possível após o horror político e econômico dos anos de ditadura e pós, o filme de Babenco projeta uma tragédia ficcional que continuou (e continua) se perpetuando muitos anos depois na realidade do país”, pontua a equipe.

 Confira o preço e o horário de cada sessão na programação abaixo.

Serviço
Revisões 2018

IMS Paulista
7 a 30 de dezembro

Avenida Paulista, 2424

São Paulo, SP, Brasil – 11 2842 9120

IMS Rio
8 a 30 de dezembro

Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea

Rio de Janeiro, RJ, Brasil. – 21 3284.7400

Programação completa – IMS Paulista

 

7 de dezembro

 19h30
As boas maneiras*
Marco Dutra e Juliana Rojas
Brasil, França, 2017, 135′, DCP

Cena de As boas maneiras

* Sessão comentada ao vivo por Juliana Rojas, Marco Dutra e Fernando Zuccolotto, com mediação de Kleber Mendonça Filho. Eles discutirão o filme durante sua exibição. O longa é projetado em volume baixo, enquanto, ao microfone, os convidados discutem o seu processo criativo. É recomendável já ter assistido ao filme antes.

 8 de dezembro

 16h15
O processo
Maria Augusta Ramos
Brasil, Alemanha e Holanda, 2018, 139’, DCP

 19h
O processo
Sergei Loznitsa 
Holanda, 2018, 125′, DCP

9 de dezembro

 20h
Pixote: a lei do mais fraco

Hector Babenco 
Brasil, 1981, 128’, cópia restaurada em DCP

 13 de dezembro

 14h
Infiltrado na Klan

 Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP


19h
Shaft

Gordon Parks

EUA, 1971, 100′, arquivo digital

21h15

Infiltrado na Klan 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

14 de dezembro

14h
Infiltrado na Klan

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

19h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

21h15
Infiltrado na Klan
 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP 

15 de dezembro

 

14h
Infiltrado na Klan

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

21h15
Infiltrado na Klan
 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP 

16 de dezembro

 

14h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP


19h
Shaft

Gordon Parks

EUA, 1971, 100′, arquivo digital 

18 de dezembro

14h
Infiltrado na Klan

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP 

17h

O processo

 

Maria Augusta Ramos

Brasil, Alemanha e Holanda , 2018, 139’, DCP

 

20h
O processo

 

Sergei Loznitsa 

Holanda, 2018, 125′, DCP

 

19 de dezembro

14h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

19h
Pixote: a lei do mais fraco

Hector Babenco 

Brasil, 1981, 128’, cópia restaurada em DCP

21h30

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

20 de dezembro

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

21 de dezembro

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

22 de dezembro

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

19h
Central do Brasil

Walter Salles

Brasil, 1998, 113’, cópia restaurada em DCP

21h15
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

23 de dezembro

 

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

26 de dezembro

 

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

19h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

 

27 de dezembro

 

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

19h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

 

28 de dezembro

 

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

19h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

 

29 de dezembro

 

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

19h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

 

30 de dezembro

 

16h
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

Ingressos no IMS Paulista

 

Para Infiltrado na KlanHalloween: a noite do terror O processo, de Maria Augusta Ramos: Terça a quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Sexta a domingo e feriados: R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)

Para os demais filmes: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia)

 Meia-entrada

Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, portadores de deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.

Cliente Itaú

Desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala.

Os ingressos do cinema são vendidos na bilheteria do centro cultural para sessões do mesmo dia e no site ingresso.com.

Devolução de ingressos

Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site.

 

Programação completa – IMS Rio

 

8 de dezembro

 

16h
Pixote: a lei do mais fraco

Hector Babenco 

Brasil, 1981, 128’, cópia restaurada em DCP

13 de dezembro

17h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

20h
Shaft

Gordon Parks

EUA, 1971, 100′, arquivo digital

14 de dezembro

 

15h

Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

17h30
As boas maneiras

 

Marco Dutra e Juliana Rojas

Brasil, França, 2017, 135′, DCP

20h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

15 de dezembro

 

11h15
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

15h50
Central do Brasil

Walter Salles

Brasil, 1998, 113’, cópia restaurada em DCP

19h50
O processo

 

Sergei Loznitsa 

Holanda, 2018, 125′, DCP

 

16 de dezembro

 

11h15
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

19h40

O processo

 

Maria Augusta Ramos

Brasil, Alemanha e Holanda, 2018, 139’, DCP

 

18 de dezembro

 

17h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

19 de dezembro

 

17h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

20 de dezembro

 

14h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

 

21 de dezembro

 

15h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

20h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

22 de dezembro

15h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

18h
Shaft

Gordon Parks

EUA, 1971, 100′, arquivo digital

 

20h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

 

23 de dezembro

15h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

20h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

 

26 de dezembro

15h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

20h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

 

27 de dezembro

15h30
Infiltrado na Klan

 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

 

28 de dezembro

15h30
Infiltrado na Klan
 

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP 

20h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

29 de dezembro

15h30
Infiltrado na Klan

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

20h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP 

30 de dezembro

15h30
Infiltrado na Klan

Spike Lee 

EUA, 2018, 135’, DCP

20h

Halloween: a noite do terror

John Carpenter

EUA, 1978, 87′, DCP

Ingressos no IMS Rio

Para Infiltrado na KlanAs boas maneiras, Halloween: a noite do terror e O processo, de Maria Augusta Ramos: Terça a quinta: R$ 22 (inteira) e R$ 11 (meia). Sexta a domingo e feriados:R$ 26 (inteira) e R$ 13 (meia)

Para os demais filmes: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia) 

Meia-entrada no IMS Rio

Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, menores de 21 anos, maiores de 60 anos, portadores de HIV e aposentados por invalidez. 

Cliente Itaú

Desconto para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala.

Os ingressos do cinema são vendidos na bilheteria do centro cultural para sessões do mesmo dia e no site ingresso.com.

Devolução de ingressos

Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site.

Sinopses

As boas maneiras

Marco Dutra e Juliana Rojas | Brasil, França | 2017, 135′, DCP

No filme, Ana está grávida e vive sozinha em São Paulo. Ela contrata Clara para ser babá de seu futuro filho. Mas, nas noites de lua cheia, o bebê fica um pouco mais agitado do que o normal. Juliana Rojas conta em entrevista ao site Mubi: “A ideia original de As boas maneiras veio de um sonho de Marco: duas mulheres morando em uma casa isolada e criando um bebê estranho. Começamos a investigar o folclore do lobisomem em diferentes culturas e vimos como o mito geralmente se relaciona com impulsos de violência e sexo, e também com valores religiosos e conservadores. Nós começamos a mergulhar mais fundo nas duas principais personagens femininas e seus conflitos de classe, raça e desejo. Em relação à criança lobo, nós o vimos como alguém que está descobrindo algo crucial sobre sua própria natureza, da mesma forma que todos nós fazemos quando crescemos.” O filme recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Locarno em 2017 e, no mesmo ano, foi premiado no Festival do Rio nas categorias de Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Filme LGBT (Prêmio Felix) e Melhor Filme pela crítica Fipresci.

[Entrevista completa, em inglês: bit.ly/2IAmSB7]

Central do Brasil

Walter Salles | Brasil | 1998, 113’, cópia restaurada em DCP

Dora escreve cartas na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, para pessoas analfabetas. Quando uma de suas clientes é atropelada, seu filho Josué, de nove anos, fica perdido na estação. A contragosto, Dora acolhe o garoto e acaba acompanhando-o até o interior do Nordeste, à procura do pai.“Central foi lançado em 1998, mas a ideia do filme tomou corpo pouco antes de rodarmos Terra estrangeira, em 1995, ainda sob o impacto do desgoverno Collor. Além do caos econômico, o país vivia uma profunda crise de identidade, e a produção cinematográfica tinha caído a zero”, comentou Walter Salles em entrevista à Folha de S.Paulo publicada em julho deste ano. “O recomeço do cinema, naquele momento, foi marcado pelo desejo de reencontrar um reflexo brasileiro na tela, de dar voz a um não dito que estava represado. As cartas que pontuam o filme respondem a essa percepção. A busca de Josué pelo pai é também a busca por um país. Já a trajetória de Dora no filme é claramente um processo de ressensibilização, após 25 anos de ditadura militar e dos anos Collor.” No Festival de Berlim, em 1998, Central do Brasil foi vencedor do prêmio de Melhor Filme, Urso de Ouro, e Fernanda Montenegro, do de Melhor Atriz, Urso de Prata. No ano seguinte, o filme ainda levaria o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro. Vinte anos após sua estreia, o filme foi restaurado pelo laboratório francês Éclair com o apoio do Centro Nacional de Cinema Francês (CNC), da VideoFilmes e da Mact Productions.

[Íntegra da entrevista em: bit.ly/wscentral]

Halloween: a noite do terror

Halloween

John Carpenter | EUA | 1978, 87′, DCP

Quinze anos depois de assassinar sua irmã na noite de Halloween de 1963, Michael Myers escapa de um hospital psiquiátrico e retorna para a pequena cidade de Haddonfield, onde vive a jovem Laurie Strode (Jamie Lee Curtis). Halloween: a noite do terror, de John Carpenter, teve sua estreia na noite de 25 de outubro de 1978. Ao longo de 40 anos, arrecadou o equivalente a 2000% do seu orçamento original de produção, tornando-se o filme independente de terror mais bem-sucedido do cinema americano. Foram produzidos mais dez longas dentro da mesma franquia, sete deles com Jamie Lee Curtis, que está presente na versão mais recente, lançada em 2018 e dirigida por David Gordon Green.

Pixote: a lei do mais fraco

Hector Babenco | Brasil | 1981, 128’, cópia restaurada em DCP

Vivendo a dura realidade dos menores carentes em um reformatório de São Paulo e revoltados com as injustiças dos administradores da instituição, quatro crianças fogem e passam a conviver com uma prostituta, envolvendo-se com traficantes de drogas e trapaceiros. “Acho que naquela época existia uma indignação muito grande pelas contradições sociais expostas que havia em São Paulo. E o que mais me incomodava era a total anestesia dos meios de comunicação, das pessoas pensantes, dos amigos jornalistas, cineastas, sociólogos, enfim, as pessoas que eu frequentava… Era um assunto no qual não se tocava e, quando se tocava, era sociologicamente”, comentou Hector Babenco em entrevista a Drauzio Varella. “Um dia eu fui à Febem no Tatuapé com um amigo meu fazer umas fotografias e me horrorizei com o que vi. As crianças vinham falar comigo com as mãos para trás e a cabeça baixa, que era já uma estruturação corporal policialesca, de você, culpado, querer pedir perdão ao outro. E eu dei meu endereço, meu telefone pra alguém e sei que, uma semana depois, me ligou um garoto e disse: ‘Olha, a gente fugiu da Febem, estamos aqui uns 20 e queremos passar para conversar com você’. Aí vieram ao meu escritório, eram uns oito ou nove. Eu os levei pra comer um hambúrguer, eles começaram a me contar histórias e eu disse: tenho que fazer um filme dessa gente.” Esta cópia foi restaurada pelo World Cinema Project, que faz parte da The Film Foundation, e pela Cinemateca de Bolonha, no laboratório L’Immagine Ritrovata, em colaboração com HB Filmes, Cinemateca Brasileira e JLS Facilitações Sonoras. A restauração faz parte do projeto Memória Hector Babenco, da HB Filmes, que visa a recuperar toda a obra do cineasta, falecido em 2016.

[Íntegra da entrevista em: bit.ly/hbpixote]

O processo

The Trial

Sergei Loznitsa | Holanda | 2018, 125′, DCP

Moscou, União Soviética, 1930. Salão dos pilares da Central Sindical. Um grupo de economistas e engenheiros do alto escalão é julgado sob a acusação de tramar um golpe contra o governo soviético. A alegação: eles teriam feito um pacto secreto com o primeiro-ministro francês, Raymond Poincaré, com o objetivo de destruir o poder soviético e restaurar o capitalismo. Todas as acusações são fabricadas, e os acusados são forçados a confessar crimes que nunca cometeram. O tribunal determina a pena de morte. Imagens de arquivo reconstroem um dos primeiros juízos dos chamados Processos de Moscou. Uma série de julgamentos, apresentados como espetáculo, que condenaram os opositores de Joseph Stálin. “Decidi fazer o filme de maneira a dar aos espectadores a oportunidade de passar duas horas na URSS em 1930: ver e experimentar o momento, quando a máquina do terror do Estado, criada por Stálin, foi posta em ação. Minha intenção era reconstruir o julgamento etapa por etapa. Nós restauramos e utilizamos todo o som que foi gravado em 1930. O único comentário que eu me permiti fazer em todo o filme aparece bem no final. Preciso desse comentário para dizer a verdade, já que é impossível apreender ela em qualquer outro episódio deste documentário.” (Declaração do diretor extraída do site do Festival de Veneza.) Três filmes de Sergei Loznitsa estrearam nos principais festivais de cinema em 2018: Donbass foi exibido em Cannes, Dia da vitória, em Berlim, e O processo teve sua estreia em Veneza.

[Leia o depoimento completo em inglês: bit.ly/ProcessoVeneza]

O processo

Maria Augusta Ramos | Brasil, Alemanha e Holanda | 2018, 139’, DCP

Em cerca de 450 horas de material filmado, Maria Augusta Ramos acompanhou o processo que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Concentrada em sua defesa, formada por José Eduardo Cardozo, Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, a diretora faz um estudo particular dos bastidores desse momento histórico, ao longo de reuniões e discussões no Senado Federal, mas também por meio das expressões de seus protagonistas e dos defensores do impeachment. Em entrevista à Deutsche Welle, ao ser perguntada sobre a abordagem do ponto de vista da defesa de Dilma Rousseff, Maria Augusta respondeu: “Não é que seja a perspectiva da defesa: eu acompanho muito mais os bastidores da defesa porque a defesa me deu esse acesso. Eu tive acesso a reuniões da liderança da esquerda, da minoria que era contra o impeachment. A oposição não me deu esse acesso. Se tivesse dado, eu certamente teria filmado mais. Mas eu acho que era importante, sim, apresentar o argumento da direita, o argumento pró-impeachment. Para expor isso, eu escolhi, por exemplo, o senador Cássio Cunha Lima, que tem uma lógica de argumentação inteligente, ou que, pelo menos, faz sentido. Também a advogada Janaína Paschoal, que, independentemente de você concordar ou discordar dela, teve um papel essencial no impeachment. Essas pessoas são ouvidas e contempladas no filme, mas, sem dúvida, eu tive muito mais acesso à perspectiva da esquerda.”

[A entrevista completa pode ser acessada no linkbit.ly/DWprocesso]

Shaft

Shaft

Gordon Parks | EUA | 1971, 100′, Arquivo Digital

O detetive John Shaft é contratado por um chefe do crime de Nova York para encontrar sua filha sequestrada. O roteiro foi adaptado a partir de um romance de Ernest Tidyman. O protagonista do livro não é negro, e a decisão de chamar Richard Roundtree para interpretar Shaft foi de Gordon Parks. O filme foi um sucesso e um dos primeiros títulos do movimento conhecido como blaxploitation. “O blaxploitation é um cinema que responde ao seu tempo, um gênero composto por filmes que tiram os negros dos papéis coadjuvantes de serviçais e idealizam a figura do herói. Homens (Richard Roundtree, Melvin Van Peebles) e mulheres (Tamara Dobson, Pam Grier) gostosos, desejados, atrevidos, que flertam, mergulham ou trabalham com a lei e a marginalidade. Personagens reflexo de uma romantização da inversão do status quo: os policiais, ponta final do iceberg de opressão, são os mais espezinhados noblaxploitation”, escreveu Heitor Augusto sobre o gênero em seu site Urso de Lata.

Richard Roundtree representou Shaft nas sequências O grande golpe de Shaft (1972), também dirigida por Gordon Parks, Shaft na África (1973), de John Guillermin, e na série de TVShaft (1973-1974). Participou também da versão de Shaft (2000) protagonizada por Samuel L. Jackson, e terá um papel em Son of Shaft (O filho de Shaft), que tem estreia prevista para 2019. [Leia o texto completo de Heitor Augusto em: bit.ly/ShaftUP]

 

Infiltrado na Klan

BlacKkKlansman

Spike Lee | EUA | 2018, 135’, DCP

Em 1978, Ron Stallworth, primeiro policial negro de Colorado Springs, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas, e quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial, seu colega branco e judeu, em seu lugar. Infiltrado na Klan se baseia numa história real, relatada por Ron Stallworth no livro Black Klansman. Spike Lee foi apresentado à história por Jordan Peele, diretor de Corra! (2017) e um dos produtores do filme: “Eles [Peele e os coprodutores] adquiriram os direitos do livro e sentiam que precisava de um toque. E foi isso que eu fiz. Fiquei muito grato pela oportunidade, porque nunca havia ouvido falar em Stallworth”, contou Lee à revista Rolling Stone. Apesar de se passar na década de 1970, o filme tanto retoma o passado americano, sobretudo nas menções ao filme O nascimento de uma nação, de D. W. Griffith, quanto o presente, com menções diretas ao atual presidente, Donald Trump. Cate Blanchett, presidente do júri do Festival de Cannes em 2018, chegou a afirmar que o filme seria essencialmente sobre uma crise americana, ao que o diretor declarou: “O que eu acho que ela deixou escapar, e que os outros jurados deixaram também – e não digo isso porque não recebi a Palma de Ouro – é que não é apenas sobre os Estados Unidos da América. Isso está acontecendo por toda a Europa: Grã-Bretanha, França, Itália, o crescimento dos neonazis na Alemanha. Eu queria que as pessoas entendessem isso. Essa ascensão de grupos fascistas de direita não é apenas um fenômeno americano.” Nesta edição do Festival de Cannes, Infiltrado na Klan recebeu o Grande Prêmio do Júri.

[Íntegra da entrevista, em inglês: bit.ly/slblack]

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